Uma prece com Clarice
Sabe!

Eu não sei se a sua “Água Viva” me embriagou, só sei que viajei com suas palavras. Não sei se foi porque meu coração ficou muito perto do seu “Coração Selvagem” que compreendi exatamente “A Paixão segundo G.H.”. 

Você me fez mudar Clarice.

Me fez entender um pouco a minha confusão, meu estado sempre dependente das palavras, essa coisa que eu tenho de querer sempre me expressar através delas.

Quando conheci a Macabéia, não sei o que senti, se felicidade ou tristeza ao ver nela a gente do meu país, esse país tão ingênuo, sempre acreditando em promessas.

Suas palavras fazem em mim um efeito avassalador.

Aprendi com você a não esmagar as entrelinhas, porque é ali que se lê a magia.

Me sinto íntima de ti porque vivo antes de dormir “A Descoberta do Mundo”, e ao apagar a luz da luminária meu último desejo é descobrir no dia seguinte como encarar esse mundo.

Ganhei do professor um presente, um poema seu para declamar no sarau da faculdade e por você enfrentei o meu medo de falar em público. Abracei com fé e foi com muita fé que fiz essa prece contigo:



Não li nem a metade de sua obra, mas já sei o que encontrarei nos próximos livros:

A sua ânsia de viver, em mim.

Acaso
anoiteço.
          tomo um 
gole de
realidade
acompanhado de
        uma porção fria de 
Solidão.

e tudo 
        torna-se 
nada

  e o nada
                  Infinito; 

a madrugada
        testemunha
a colisão
dos teus olhares rasos
               com os meus,
que são profundos;
                   afogo-te.

por um instante
                    experimento a
Cegueira!

ela é cheia
              de um vazio
   Sagrado. 
         desperto e desejo.
sinto-me.

no centro
           do vazio
observo-te;
                              gestos contidos;
sorrisos francos;
                   expressão pedinte;

outro gole 
            de realidade 
    e nasce uma
                             súplica:
-Abraça-me.

entrelaçada a ti
                                          abro os meus olhos;
Encontro-te; 
                amanheço
      na brasa de
seus lençóis e
  Perco-me.
Oração pelas crianças mortas em uma escola do Rio de Janeiro
Meu Deus, eu tenho pressa e nessa prece imploro a sua interferência nesse mundo cada vez mais perdido e cruel. Interfira Senhor, porque nós, os mortais miseráveis, estamos cada vez mais incrédulos de melhora e salvação para a humanidade.

Essa tragédia acontecida na escola do Rio de Janeiro foi mais uma mostra Senhor, de como seus filhos estão cada vez mais frios, calculistas, violentos, sozinhos e perdidos. 

Peço clemência para as almas das treze crianças que tiveram suas vidas interrompidas abruptamente, foram fuziladas pelos espinhos da maldade. Que o Senhor possa dar aos pais, familiares e amigos dessas crianças, que agora agonizam sem esperança, alento e coragem.

Aos sobreviventes feridos por essa barbárie, Senhor, convalescência.

À alma desse rapaz, bem, estou um pouco confusa porque quando penso nele, me vem um misto de ira, pena, tristeza e isso me impede de pedir que o Senhor seja complacente com ele, e desde já, peço que me perdoe por tais sentimentos.

Por fim, querido Pai, faço-lhe meus últimos e costumeiros pedidos: Derrame mais amor sobre os seres humanos, faça com que sejamos melhores, mais honestos com nós mesmos e com os outros e permita, Amado Pai, que nossos olhos se abram verdadeiramente, para podermos prestar mais atenção nas pessoas, nossa alma está cega Senhor, cura-nos desse mal, para que assim, possamos evitar barbáries como esta.

Amém.

Lume de sentimentos
A liberdade é a maior riqueza que podemos possuir;
Desde o simples ato de pensar, até o complexo ato de agir.
É quando voamos!

A alegria é a magia variando dia após dia.
Se ela bestializa? ...? Quem sabe? Só sei que grita.
É quando acordamos!

A incerteza eu não sei bem...
Nem o mau do além de seu aquém
E ela está? Quem saberá!
É quando paramos!

Esperança é a criança que confia ansiosa “o possível”;
E inocentemente ávida o impossível.
É quando sorrimos!

Sexo é outra coisa,
É mais que gênero:- prazer efêmero.
É a epifania consumada na intimidade dos corpos.
O sal purifica os poros e decifra mistérios;
É o ópio da sensação devorando a razão enquanto grita impropérios.
É quando gozamos!

Saudade é diferente: plural, complicada.
A distância é doença para quem é intenso.
Um vazio sofrido confundindo as jornadas.
Fuga desesperada de qualquer argumento.
É quando sofremos!

Morte – para quem vive é o fim da presença;
E o que fica deveras é ausência, mais presente que o dia que há.
Uma fada envelhecida, desencantada, perdida.
Por não saber eternizar...
Ainda vivemos!



À Sidney Duarte
In Memoriam
para sempre em meu coração.




Revisão e pitacos: Lisa Bastos.
Excluindo os ladrões do tempo
Para que esperarmos um novo ano, um novo dia ou determinado momento para começarmos algo novo, tomarmos decisões ou até mesmo nos tornar pessoas melhores? Não adianta esperar. Quem espera não alcança. Só temos esse momento para fazermos com que tudo aconteça.

É importante sonhar, fazer planos para que as coisas aconteçam com certa organização, mas pensar demais, protelar o início do projeto faz com que as coisas percam a intensidade e às vezes, perdemos até a coragem de agir. E nesses tempos em que tudo se transforma rápido demais, acredite, devagar não se vai longe. Vamos nos tornando cada vez mais cheios de planos e vazios de realizações.

O nosso comodismo, a nossa preguiça, o medo do fracasso nos empurra para uma teia venenosa chamada zona de conforto, e ali observamos a vida passar e com ela, os sonhos, as idéias, as flores primaveris, a alegria da juventude.

De repente nos olhamos e percebemos marcas do tempo em nossos rostos, em nossos corpos e começa a frustração, e com ela chegam as reclamações, o pessimismo e a impressão de que as coisas estão cada vez mais esquisitas. E preste atenção: se você em algum momento disse que no seu tempo as coisas não eram assim, seu caso é grave!

Maldizemos, brigamos, esbravejamos e a veia da vida se dilata, vamos nos perdendo pelo caminho e a nossa vida que seria um jardim repleto de flores vitoriosas, não passa de um quintal abandonado cheio de pragas depressivas. Faltou o adubo da coragem.

Mas se você ainda consegue mexer o corpo, você tem salvação. Portanto, a partir de agora vamos planejar com cuidado e agir com amor, sonhar com fé e confiar na nossa atitude, dar tudo de nós para cada paixão, e colocar na cabeça que o tempo que ainda chegará é esse que está diante de nós. Para uma pessoa ser grande é fundamental ela ser inteira.

Se para ser feliz for preciso exagerar, exagere! Sempre consciente de que as dores são conseqüências de nossas escolhas, faça o melhor que puder, porque a gente só tem o agora. Estamos vivos e a vida está acontecendo.  Feche os olhos e a boca, abra os ouvidos e o coração e vá viver. Encerro repetindo a sábia frase de Benjamin Franklin: "O tempo perdido não se encontra nunca mais.” 

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Este é um trabalho de Jaqueline Zanetti e está licenciado por Creative Commons Atribuição-Uso Não-Comercial-Não a obras derivadas License.
Baseado em um trabalho para o blog Rota Psicodélica.
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    Ora palavra perdida em frases complexas. Ora frase perdida em textos que de hora em hora contestam a amargura que ora para ser encaixada em versos de rimas doces.