Navegamos numa vasta esfera, sempre levados
pela incerteza, sempre à deriva de um lado
para outro. Quando pensamos em lançar âncoras
e agarramo-nos a algum ponto, ele oscila e nos
abandona; e, se o seguimos, ele nos escapa por
entre os dedos, escorrega à nossa frente
e desaparece para sempre.
BLAISE PASCAL
O mundo gira, o mundo muda a gente muda. Somos mudas pequenas que se transformam diariamente. Temos medo das mudanças, medo do incerto, do momento próximo, do dia seguinte, pois mesmo quando planejadas elas são inesperadas, uma vírgula fora do lugar, altera o sentido da frase, um tijolo a menos ou a mais em um alicerce compromete toda estrutura da casa.
Preferimos a tranqüilidade da certeza, que a complexidade da incerteza. Mas somos mutáveis, as pessoas em nossa volta, as plantas, os animais, tudo que tem vida muda, e a certeza de agora é a incerteza de outrora.
Nos sentimos ameaçados pela inconstância da vida, pois somos frágeis, pequenos, inseguros e justamente por isso, temos que aprender a administrar toda essa alternância de momentos que vivemos, principalmente quando as coisas acontecem rapidamente e nos surpreende com fatos e acontecimentos desagradáveis e cheios de dor.
Porém não há como evitar, não existe uma forma de pararmos o tempo no exato momento que desejamos, quando nos sentimos confortáveis, tranqüilos, até protegidos de certa forma por determinadas situações.
Amanhecemos todos os dias e estamos diferentes, isso é fato, nosso coração, a alma, o corpo, o astral, o humor, as dores físicas e emocionais, na maré alta ou na baixa, estamos em constante movimento.
Eu não sei como administrar essas mudanças, principalmente quando elas acontecem rapidamente, já parei para pensar e refletir sobre elas, mas não consegui formular um raciocínio lógico, sensato. Mas acredito que questões como essas devam ser discutidas, quem sabe não descobrimos uma fórmula, um antídoto, algo que nos ajude a administrar esse mecanismo complexo de mudanças.
Mas eu entendi que quando passamos por elas, boas ou ruins, as mudanças têm um papel fundamental em nossa existência, elas nos ajudam a crescer, às vezes com certa amargura, às vezes com mais amor, hora com profundo desamor, hora com alegria pura, herdamos das mudanças nossa complexidade, ninguém diminui com elas, pelo contrário, crescemos e aprendemos que a única coisa certa, é a certeza da incerteza.