É complicado, mas somos adeptos da resistência. Resistimos a tantas coisas importantes, a tantas vontades e desejos ardentes que nos autoflagelamos no caminho, e por não vivê-los, mutilamos a alma diariamente.
Não estou aqui para pregar a luxúria, a promiscuidade, longe de mim, venho falar sobre esses sentimentos que tentamos destruir a todo custo dentro da gente, mas eles são tão complexos e independentes, que nos tiram, quase sempre, nossa cor original, nosso brilho.
O medo de assumir os riscos nos deixa viciados no depois, e esse “depois” nos aprisiona em um agora pálido, ele nos corta as asas da felicidade e ficamos cativos em nossas gaiolas imaginárias.
Não damos forma às sensações, não expressamos nossos pensamentos, não lutamos pela realização de nossos sonhos, e a conseqüência disso, é a vida incompleta que vivemos. Repare, nunca estamos satisfeitos, estamos sempre querendo mais e mais, outras vezes, quando estamos tranqüilos, sempre vem a sensação de estar faltando algo.
Temos medo de nós mesmos, nos podamos fora de época e ficamos frágeis ao sereno das estações, inertes junto ao silêncio noturno.
Respiramos, mas, respirar é apenas uma função do nosso corpo, respirar não é viver, pois viver é quando seduzimos a vida e nos deixamos seduzir por ela, é quando expomos a essência da alma e mostramos com clareza o que sentimos.
Enquanto insistirmos apenas em respirar, continuaremos menosprezando nossa mente, envenenando nosso coração e fingindo que não existe primavera, e então, nada fica vivo por muito tempo, nenhum sentimento, nenhum sonho, nenhum desejo, depois, fica apenas a lembrança amarga do que poderia ter sido, e não foi.
Preocupamos-nos tanto com os outros, com o que pensarão, com o que dirão sobre determinada atitude nossa, o problema é que os outros não se preocupam com a gente, apenas com nossas atitudes, mas, esperar o que de pessoas que apenas respiram e não vivem suas próprias vidas?
Vamos viver o que sentimos, dar forma a esses sentimentos que mantemos aprisionados dentro da gente, realizar os nossos sonhos mais secretos e intensos, talvez seja a cura para esse “sempre querer mais” que não controlamos, para essa coisa de que está “sempre faltando algo”, e estamos sempre insatisfeitos.
Eu sei que se vivermos com transparência, lealdade ao que sentimos, amor e respeito, principalmente a nós mesmos, seremos seres mais completos e dignos de receber o ar que o nosso corpo inala, caso contrário, não o merecemos.