Sabe!
Eu não sei se a sua “Água Viva” me embriagou, só sei que viajei com suas palavras. Não sei se foi porque meu coração ficou muito perto do seu “Coração Selvagem” que compreendi exatamente “A Paixão segundo G.H.”.
Você me fez mudar Clarice.
Me fez entender um pouco a minha confusão, meu estado sempre dependente das palavras, essa coisa que eu tenho de querer sempre me expressar através delas.
Quando conheci a Macabéia, não sei o que senti, se felicidade ou tristeza ao ver nela a gente do meu país, esse país tão ingênuo, sempre acreditando em promessas.
Suas palavras fazem em mim um efeito avassalador.
Aprendi com você a não esmagar as entrelinhas, porque é ali que se lê a magia.
Me sinto íntima de ti porque vivo antes de dormir “A Descoberta do Mundo”, e ao apagar a luz da luminária meu último desejo é descobrir no dia seguinte como encarar esse mundo.
Ganhei do professor um presente, um poema seu para declamar no sarau da faculdade e por você enfrentei o meu medo de falar em público. Abracei com fé e foi com muita fé que fiz essa prece contigo:
Não li nem a metade de sua obra, mas já sei o que encontrarei nos próximos livros:
A sua ânsia de viver, em mim.
anoiteço.
tomo um
gole de
realidade
acompanhado de
uma porção fria de
Solidão.
e tudo
torna-se
nada
e o nada
Infinito;
a madrugada
testemunha
a colisão
dos teus olhares rasos
com os meus,
que são profundos;
afogo-te.
por um instante
experimento a
Cegueira!
ela é cheia
de um vazio
Sagrado.
desperto e desejo.
sinto-me.
no centro
do vazio
observo-te;
gestos contidos;
sorrisos francos;
expressão pedinte;
outro gole
de realidade
e nasce uma
súplica:
-Abraça-me.
entrelaçada a ti
abro os meus olhos;
Encontro-te;
amanheço
na brasa de
seus lençóis e
Perco-me.

Este é um trabalho de Jaqueline Zanetti e está licenciado por Creative Commons Atribuição-Uso Não-Comercial-Não a obras derivadas License.
Baseado em um trabalho para o blog Rota Psicodélica.